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quinta-feira, dezembro 16, 2010

Jóias do Brasil: "...E A Gente Sonhando" de Milton e "Lado B" de Yamandú e Dominguinhos


Em meio à correria desenfreada de final de ano e à falta de tempo para o que realmente nos move eu me dei dois "presentes-bálsamos" que reparto aqui com vocês: o novo trabalho do Milton Nascimento, gravado com uma moçada nova e brilhante da região de Três Pontas, e o segundo duo gravado por Yamandú Costa e Dominguinhos.

"...E A Gente Sonhando" é mais um trabalho de grande inspiração e beleza do Milton como já se poderia esperar. Conta com belíssimas canções de ontem (a canção-título, composta já algum tempo e que ele ainda não tinha gravado, e "Me Faz Bem", gravada por Gal) e de hoje (como as pérolas negras "Gotas de Primavera" e "Eu Pescador") entre outras. Sua voz segue radiante, os músicos são de primeira e os arranjos são dele próprio, de Elizeo e de Wagner Tiso (que toca piano em várias das faixas). O album é um must have.
Veja/ouça neste link um trecho de "Me Faz bem"(Fernando Brant\Milton Nascimento):


E "Lado B" é mais uma tocante parceria do virtuoso Yamandú Costa com o clássico, mas ainda surpreendente, Dominguinhos. Juntos percorrem expoentes do cancioneiro brasileiro (de várias regiões e épocas) com arranjos de perfeito encaixe entre o violão de 6 (e 7) cordas e o acordeon. Solos brejeiros, bonitos e na medida (um e outro, sem exageros). Indico as versões de "Pau de Arara", "Da Cor do Pecado" e "Chorando em Passo Fundo". Outro belo trabalho.

"Pina" de Win Wenders em 2011!!


Para os inúmeros admiradores da dança-teatro da saudosa Pina Bausch vai aqui um aviso valioso: preparem-se para o documentário "Pina" de Win Wenders em 2011!!
Sem palavras...só veja o trailer:





Sensacional!
(Agradeço aqui à dica da Mônica Monteiro e da Paloma Bianchi)

terça-feira, outubro 26, 2010

Mahler: Celebrando 150 anos com "Ich bin der Welt abhanden gekommen"

2010 celebra 150 anos do nascimento de Gustav Mahler. E eu não poderia deixar de registrar aqui uma pequena homenagem a este compositor tão impactante e importante para a música sinfônica e para o lieder. Mahler muito tem me inspirado nestes últimos anos, desde que o descobri com maior cuidado. "Perdi-me para o mundo", é a tradução livre deste seu especial lieder (canção lírica), "Ich bin der Welt abhanden gekommen", que integra o conjunto chamado Rückert-Lieder. São canções para voz (masculina ou feminina) e piano (ou orchestra) compostas por ele entre 1901-1902 sobre versos do poeta Friedrich Rückert. Este lieder, "Ich bin der Welt abhanden gekommen", é uma das suas mais belas composições nesta modalidade. Há várias gravações disponíveis com respeitados cantores (Fischer-Diskau, Hampson) e cantoras (Kathleen Ferrier, Christa Ludwig, Magdalena Kozena, Marjana Lipovsek). 
A versão que parece ser a mais cultuada (com pesados defensores como Alex Ross, crítico de música da The New Yorker: http://www.therestisnoise.com/2009/06/a-mahler-list.html ), é a que se apoia na bela voz da mezzo-soprano Janet Baker, acompanhada pela batuta de John Barbirolli à frente da New Philharmonia Orchestra (gravação de 1969). Destaco o comentário do guitarrista Robert Fripp que chamou este album, "Janet Baker sings Mahler", como "music of God's tears" ("música das lágrimas de Deus"). Poderia mesmo ser... Eu, no entanto, gostaria de apresentar aqui uma nova versão que descobri - há pouco - desta canção e que me encantou muito. A ponto de ouví-la quase todos os dias há duas semanas. Sente-se confortavelmente no sofá e acione o link abaixo para conhecer/tornar a ouvir, enfim, se emocionar com este lieder na belíssima interpretação da mezzo-soprano sueca Anne Sophie von Otter (album: "Mahler & Zemlinsky: Lieder" com John Elliot Gardiner à frente da NDR Sinfonieorchester): 
É um album altamente recomendável a todo 'malehriano'. Abraços!
PS: Sobre Mahler e as merecidas comemorações de seu aniversário há um ótimo site, da editora “Universal Edition”, inteiramente dedicado ao compositor que traz entrevistas (em video) com vários dos maiores maestros da atualidade (Boulez, Barenboim, Chailly, Maazel, Mehta, Dudamel, etc) e também comentários sobre as execuções da antológica obra deste  compositor que estão programadas ao redor do mundo. O link do site é: 
http://mahler.universaledition.com/

quinta-feira, outubro 07, 2010

Duas Vozes Brasileiras

Vira e mexe ouço por aí duas vozes brasileiras que, sem fazer força, tem se destacado e captado minha atenção com sua música pop onde quer que eu as ouça. Isto em meio a uma onda grande de novas cantoras e interpretes que tem surgido nestes últimos anos. Há para todos os gostos e também, até, uma repetição de fórmulas, estilos e maneirismos que chega a cansar. Mas há as boas opções (não as chamo de surpresas pois já não as são) que misturam mpb, pop, samba, música eletrônica, rock, etc, com qualidade. Se diferenciam.

A primeira voz a destacar é Céu, um talento que vem se lapidando mais e mais a cada dia e que já tem tido grande repercussão no exterior (hoje é uma de nossas jovens cantoras mais conhecidas lá fora). Tem feito uma música interessante, urbana, atual e cheia de personalidade mas que não perde as raízes. Enfim, que promete muito mais. Ouçam "Sonhando", que ela canta na trilha do filme 'Não Por Acaso', e "Sonâmbulo" do album 'Vagarosa' para confirmar o que digo.



A outra voz é Vanessa da Matta. Esta é brejeira, mais suave, doce, pop, mas também bem brasileira. Grande valor que também segue crescendo e amadurecendo. Sua música nos pega forte em baladas bonitas como "Música" e "Ainda Bem" do seu album 'Essa Boneca Tem Manual', que vendeu muito bem ganhando disco de platina.


Não deixem de ouvir a ambas cantoras abaixo (ps: não consegui exatamente os videos que desejava mas, lembrem-se, o que vale é a música). Abraços.

Céu: "Sonhando"
Céu: "Sonâmbulo"


Vanessa da Matta: "Música"
http://www.youtube.com/watch?v=ykcaUinxG3k&feature=related
Vanessa da Matta: "Ainda Bem"


sábado, outubro 02, 2010

Silêncio...e André Mehmari

Ruídos, vozes distantes, conversas, buzinas, motores, toques de celulares, sons difusos de música ruim...
Finalmente silêncio. O interior dos nossos carros às vezes tem o poder de funcionar como cápsulas de isolamento do externo.
Silêncio...e num simples toque vem o piano inspirado, suave, belíssimo de André Mehmari.
Há tempos falo a amigos do grande prazer que é ouvir e expandir o conhecimento sobre o trabalho, parcerias, execuções e composições desde jovem e brilhante pianista brasileiro.
Mônica Ramalho e Helena Aragão no seu blog Overmundo observaram muito bem (http://www.overmundo.com.br/overblog/andre-mehmari-o-menino-do-dedo-verde). André parece mesmo uma espécie de menino do dedo verde, o Tistu de Maurice Druon, às avessas, que tudo o que toca vira uma flor rara... em forma de música.
Muito melhor do que falar proponho a apresentação, a quem ainda não o conhece, através do link abaixo que o/a levará para o site do André Mehmari e para uma versão encantadora da clássica "San Vicente" de Milton Nascimento. Basta clicar no título da música para ouvir.
Recomendo a exploração do seu site (e se gostar da versão da música que indiquei aqui, baixe gratuitamente conforme disponibilizado lá). Lá você conhecerá a arte, história, prêmios, parceiros, discos do André Mehmari. Ele é um dos melhores músicos que surgiram no Brasil em muitos anos.

http://www.andremehmari.com.br/new/paginas/frameset%20audio.html

sábado, setembro 18, 2010

El bandoneón de Dino Saluzzi



A música e a alma por trás da música. Navegando outro dia pela internet me deparei com um álbum da ECM Records (selo ícone dos ‘jazz aficionados’) que capturou imediatamente minha atenção. O som era uma combinação elegante entre um bandoneón suave, sublime, e um cello sofisticado, muito aveludado. Era a música “Tango a mi padre” do álbum “Ojos Negros” de Dino Saluzzi e Anja Lechner. Ele o bandoneón, ela o cello. A partir daí conheci Timoteo “Dino” Saluzzi, um dos mais destacados bandoneonistas argentinos da atualidade. Como o maior de todos, Piazzolla, Dino começou cedo com o instrumento mas logo passou a experimentar caminhos fora das ‘estradas tradicionais’ do tango. Enveredou pela avant-guarde musique, assinou com a ECM e tocou com vários jazzistas (Gato Barbieri, Charlie Haden, Palle Danielsson, Al Di Meola entre outros). Em 1998 iniciou uma colaboração livre com o Rosamunde Quartet, quarteto alemão de cordas "clássicas" e modernas, que originou concertos e álbuns (Kultrum) e depois uma parceria, um espetacular entendimento, com o cello do quarteto. Era Anja Lechner. Daí veio o duo, depois o álbum “Ojos Negros” e turnês pelo mundo. O disco, vale lembrar, foi considerado uma obra-prima pela prestigiosa “Downbeat” e recebeu título de álbum do ano em 2007. Destaco abaixo para seu proveito um video com o som (e imagens) um trecho da música "Tango a mi Padre", desse album, numa apresentação ao vivo de Dino e Anja em Zurich em 23/Out/2007.


terça-feira, setembro 14, 2010

Mahler e Scorcese





















Recomendo, a quem ainda não assistiu, procurar ver o último filme do Martin Scorcese: “Ilha do Medo”, Shutter Island. É um ótimo thriller psicológico de alta tensão (e combustão) que poderá causar algum incômodo, como me causou, além de apresentar boas atuações de DiCaprio, Mark Ruffalo, Ben Kingsley e até uma soturna aparição de Max von Sidow. Mas não expandirei aqui meus comentários sobre o filme que, como disse, vale a pena. Quero falar sim da música. A Música. A seleção que compõe a trilha sonora é um caleidoscópio de obras clássicas de autores “contemporâneos”: Ligeti, Penderecki, Cage, Richter, entre outros. A seleção é um ótimo trabalho do músico/produtor Robbie Robertson, parceiro de longa estrada de Scorcese. Funciona extremamente bem. Nessa trilha o meu destaque vai para um quarteto para piano e cordas que vai crescendo desde  o fundo de uma cena para se tornar tão importante quanto os próprios personagens envolvidos naquele momento. Beleza, sutileza e melancolia estão lá e o nome do compositor, para que não paire dúvida, é pronunciado em cena por DiCaprio: Mahler. É o seu belo "Quarteto para Piano e Cordas em Lá menor", composto em 1876 quando Mahler ainda não tinha completado 20 anos de idade. Abaixo os links para o quarteto:

Parte 1: Quarteto para Piano e Cordas em Lá menor de Mahler (com o Prazak Quartet):
Parte 2: idem

O segundo destaque, também desta trilha, é a brilhante combinação (mix) feita com o vocal da canção “This bitter earth”, de Dinah Washington, e o arranjo de cordas da peça “On the nature of daylight” de Max Richter. Ficou belíssimo. Na verdade ficou até melhor do que as duas versões originais de ambas (a da Dinah e a da peça/arranjo de cordas de Max Richter). Abaixo segue o video para que possam avaliar o 'belo' no que eu digo. Espero que apreciem!

"This bitter earth/On the nature of daylight" com Dinah Washington / Max Richter:


terça-feira, março 09, 2010

"Elis & Tom", o clássico eterno

Difícil comentar algo que já não tenha sido dito sobre a grandeza e o refinamento musical do album "Elis e Tom", de 1974. É um marco. As composições de Jobim arranjadas por César Camargo Mariano e cantadas por Elis Regina (com Tom ao piano) propiciaram um dos maiores trabalhos/registros da música brasileira. A qualidade, a sensibilidade e o acerto das músicas, arranjos e interpretações (instrumentais e vocais) reunidas neste trabalho tornaram o resultado um monumento de inspiração única. Se fosse possível o alcance da perfeição diria que este trabalho chegou lá com direito ao alinhamento de todos os planetas, estrelas, etc.
Os participantes desse histórico album: Elis Regina (vocais praticamente ao vivo em todas as canções), Tom Jobim (piano acústico em algumas faixas, violão em "Chovendo na Roseira"), Cesar Camargo Mariano (arranjos, piano elétrico e eventualmente piano acústico), Hélio Delmiro (guitarra), Luizão Maia (baixo), Paulo Braga (bateria), Oscar Castro Neves (violão), Chico Batera (percussão) e quinteto de cordas regido pelo maestro Bill Hitchcock (em cinco faixas).
Ouço neste momento "Inútil Paisagem". O piano de fundo apoiando o lamento sutil, as modulações e o tempo do canto de Elis...se eu fosse para uma ilha e pudesse levar só 5 discos este seria um deles, sem dúvida. Palmas de pé e Bravo!!/Brava!!
PS: para mais sobre este clássico álbum indico a página dedicada pela Trama em seu portal e as considerações do Marcelo Fróes no "sobre" pelo link abaixo:

quarta-feira, março 03, 2010

Saudades do Brasil


Hoje acordei com saudades. Saudades de sons, acordes e canções do passado. Sons tão presentes, que nos falam tanto à alma. Lembranças, sentimentos e sensações esquecidas. Que nos trazem a memória de tempos simples, tempos em que nossos pés pareciam estar mais perto da terra do que do asfalto.
Saudades do canto, da música, do som, do coração do Brasil.
Hoje revisitei canções que há tempos me emocionaram e que creio que todos sabemos de cor. Nesta visita ao passado acabei por encontrar algumas imagens realmente encantadoras (no melhor sentido da palavra) de alguns dos maiores talentos 'estelares' da nossa música. Mais do que falar, hoje, prefiro provocar os sentidos com a música e as imagens que estão nestes links abaixo. Boa viagem ao Brasil...

Milton Nascimento com Wayne Shorter no Festival de Jazz de Montreal (1986)
San Vicente:
http://www.youtube.com/watch?v=H0BLHm7uyO0

Elis Regina e Hermeto Pascoal no Montreux Jazz Festival (1979)
Corcovado:

Elis Regina em gravação do show “Falso Brilhante” para o Fantástico (1976)
Como Nossos Pais: