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segunda-feira, novembro 23, 2009

O Solista e a Elegia



Dois filmes que vi nos últimos tempos me trouxeram grande prazer, especialmente pelas escolhas de suas trilhas sonoras: "O Solista" de Joe Wright com Jamie Foxx e Robert Downey Jr e "Fatal" (Elegy) de Isabel Coixet com Ben Kingsley e Penelope Cruz.
Vamos começar pelo último: Elegy (prefiro já que o título em português não traduz a trama) foi um filme que vi pela TV a cabo. Baseia-se no interessante livro "The Dying Animal" de Philip Roth, escritor que admiro e que tanto quanto o israelense Amos Oz vem merecendo o seu Nobel de Literatura. A trama conta a paixão e os problemas entre o scholar Ben Kingsley e sua aluna Penelope Cruz, bem mais jovem. Destaque-se aqui que este é um dos filmes que melhor soube fotografar a beleza de Penelope, bonita como nunca (nem mesmo com Almodovar). Os momentos mais especiais da narração tem a belíssima peça para piano de Satie "Gnossienne No.3" como fundo. Para quem quiser conferir uma espetacular execução desta, recomendo a gravação de Anne Queffélec do album "Satie - Ravel: Piano Works".
O outro bonito filme é "O Solista". Tanto Jamie Foxx quanto Robert Downey Jr estão muito bem neste trabalho. Há uma cena em especial, o momento em que o homeless Jamie recebe sem esperar a doação de um cello por intermédio de Downey Jr. Faz-se então um momento de rara devoção à música do qual ambos participam, um tocando o cello e o outro ouvindo concentrado. Belíssimo.
E o que torma este momento ainda mais tocante é a música de fundo escolhida: o Quarteto para Cordas No.15 de Beethoven, Opus 132, Molto adagio (A convalescent's hymn of thanksgiving in the Lydian mode). 
Uma obra de magistral delicadeza e beleza do final da vida deste grande compositor. Caso se interesse recomendo duas execuções desta obra que valem muito a pena: com o Alban Berg Quartett e com o Quartetto Italiano. Não percam os filmes e não deixem de prestar atenção à música.

10/12/2009 (23h22): Resposta ao Felipe Werner:
Revi o trailer do filme e a música é a Suite para Cello No. 1 de J.S. Bach. É muito bonita assim como a outra a que me referi neste post (o Quarteto de Beethoven) e que vc certamente prestará atenção no filme. Toca no momento em que Ayers recebe o violoncello de presente e começa a tocar...Divirta-se!
Manuel Blesa.



17/12/2009 (23h19): Resposta ao brenover: A música do final do Trailer do 'O Solista' me parece ser uma seleção de trechos da Sinfonia Nº 3 de Beethoven, Op. 55, conhecida como "Eróica". No filme são usados trechos de alguns quartetos de cordas de Beethoven também, em especial o de Nº 15, Opus 132 que eu já comentei acima no post. Abaixo uma relação de obras apontadas como tendo trechos tocados no filme:


· Bach 1st Cello Suite, Mvmt. 1 by Ben Hong
· Beethoven Symphony No. 3 (Eroica), Op. 55, Mvmt. I, II and III by Los Angeles Philharmonic Orchestra
· Beethoven Sonata for Cello & Piano, Op. 102, No. 1, by Los Angeles Philharmonic Orchestra
· Beethoven String Quartet No. 12, Op. 127, Mvmt. II by Los Angeles Philharmonic Orchestra
· Beethoven String Quartet No. 14, Op. 131, Mvmt. I by Los Angeles Philharmonic Orchestra
· Beethoven String Quartet No. 15, Op. 132, Mvmt. I and III by Los Angeles Philharmonic Orchestra
· Beethoven Symphony No. 9, Op. 123, Mvmt. III by Los Angeles Philharmonic Orchestra
· Beethoven Triple Concerto, Op. 56, Mvmt. II by Los Angeles Philharmonic Orchestra
Espero ter ajudado. Abs, Manuel Blesa

sábado, outubro 31, 2009

A Música dos Anjos


11:35h a.m. Estou sentado, olhando a paisagem verde pela janela à minha frente. Ouço uma música que começa com um oboé suave, depois cordas, o que me remete a uma sensação idílica lenta... Pouco depois entra um violino em primeiro plano, como que movimentando os gestos vagarosos de uma bailarina em meus pensamentos. Suavemente o tom que era terno e alegre vai ganhando pouco a pouco dramaticidade como que num lamento escala acima. Depois voltamos a um tema de novo alegre e, sim, romântico. 
Não sei bem o que Johannes Brahms pensava ou que iluminação teve ao compor o Adágio, parte II do seu Concerto para Violino e Orquestra, Opus 77. Mas o que importou hoje, aqui, foi a sensação  prazerosa gerada por uma obra tão bela que poderia sim ser música feita para os anjos. 
Conheço duas execuções dessa obra: uma com o lendário Jascha Heifetz e a Chicago Symphony Orchestra (conduzida por Fritz Reiner) e outra com o virtuoso russo David Oistrakh com a Cleveland Orchestra (conduzida por George Szell). Recomendo o conhecimento de ambas versões para a escolha da sua favorita. Bons sonhos.

domingo, outubro 04, 2009

Os mil tons de Milton

Há algum tempo tenho recomendado a amigos uma das (poucas) jóias que chegaram ao mercado brasileiro de música nos últimos dois anos. Com atraso de minha parte neste blog, mas em tempo para registro, me refiro ao album 'Milton Nascimento & Belmondo'. Um grande trabalho esta parceria entre os irmãos músicos de jazz Lionel e Stéphane Belmondo, filhos do ator Jean Paul Belmondo, e o nosso antológico Milton Nascimento. Gravado em 2007 foi lançado aqui só este ano pela Biscoito Fino.
Milton é uma das maiores referências dentro da música brasileira por seu trabalho genial composto por já clássicas canções, parcerias e gravações. Isto sem contar que também é, em minha opinião, uma das nossas maiores vozes, um dos nossos maiores cantores de todos os tempos. 'Certas canções que ouço...' eu simplesmente não consigo imaginar a não ser na voz de Milton, mesmo quando não é uma composição sua. Veja o caso da sua versão para 'Beatriz' de Chico e Edu para o 'Circo Místico'. Definitiva. 
‘Milton Nascimento & Belmondo’ é um grande album do início ao fim. A releitura dos arranjos dos dois irmãos franceses junto com a Orchestra Nacional da França (regida por Cristophe Mangou) ficou belíssima para as canções da inspirada primeira fase da carreira de Milton.
Provem duas, entre todas que poderia indicar, com uma sublime moldura de cordas e sopros: ‘Canção do Sal’ e 'Morro Velho'. A voz de Milton, mais madura, expressa em cada sílaba mais sofrimento, delicadeza e paixão.
Link no youtube para ‘Canção do Sal”:





segunda-feira, setembro 28, 2009

Brava Pina!

No último sábado assisti ao espetáculo da companhia de dança Pina Bausch Wuppertal Tanztheater, no Teatro Alpha. Era ocasião especial não só pela oportunidade de voltar a assistir ao trabalho do grupo mas também pelo fato da companhia infelizmente não contar mais com a sua criadora/coreógrafa, falecida este ano. Como nas vezes anteriores em que assisti à companhia, fiquei absolutamente embasbacado e saí de lá em estado de graça. Me é difícil expressar, sem repetir os comentários de pessoas mais aptas que eu a analisar a dança (a começar pela minha mulher Mônica), o quanto o trabalho de Pina é magnífico e tocante. As coreografias vão muito além da dança pois trabalham a dramaticidade, a idéia, o humor, o patético, o sensível, enfim, o absurdo e o divino que compõem o ser humano. ‘Café Müller’ (muito inventivo) e ‘A Sagração da Primavera’, rito bárbaro magistralmente pulsante, me fizeram ouvir e perceber as respectivas peças de Purcell e Stravinsky sob pontos de vista novos. As peças musicais, a semi-ópera 'The Fairy Queen' do inglês Henry Purcell (para Café Müller) e 'Le Sacre Du Printemps' (A Sagração da Primavera) de Stravinsky respectivamente, ficaram melhores nestes trabalhos de Pina. Espero que seu trabalho tão original e moderno siga sendo conduzido pela Pina Bausch Wuppertal Tanztheater agora que ela, sua principal pensadora, não mais está. Uma lágrima e um 'Brava!' para Pina. Para um lampejo do que quero dizer, chequem o link: http://www.youtube.com/watch?v=KXVuVQuMvgA
Heloíza Bortz


segunda-feira, agosto 31, 2009

Mehldau vem aí!

Caros, depois de longo tempo ressuscito o Magma Música.
Com grande prazer soube noutro dia, ouvindo o rádio no carro, que o bravíssimo Brad Mehldau passará por estas plagas (amanhã mesmo comprarei meus ingressos para um dos shows no Sesc em São Paulo, e você?). Recomendo com insistência para que não percam a oportunidade de comprovar in loco a extrema qualidade e inventividade desse pianista, certamente um dos melhores da sua (nova) geração. Ele virá só, sem os dois escudeiros do trio (Larry Grenadier e Jeff Ballard). Mas isso não tirará de forma alguma o brilho da ocasião.
Rápido comentário: Brad Mehldau (Bradford Alexander Mehldau) nasceu na Florida em 1970. Criança prodígio, estudou o tradicional reportório clássico do piano a partir dos 6 anos. Depois passou ao Jazz.
Como pequena demonstração, ou melhor, aperitivo do que está por vir durante seus concertos aqui recomendo conferirem a bela e multimatizada versão de Mehldau para "O Que Será" de Chico Buarque, album "Brad Mehldau Trio Live".
Bjs nas crianças.