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sábado, setembro 18, 2010

El bandoneón de Dino Saluzzi



A música e a alma por trás da música. Navegando outro dia pela internet me deparei com um álbum da ECM Records (selo ícone dos ‘jazz aficionados’) que capturou imediatamente minha atenção. O som era uma combinação elegante entre um bandoneón suave, sublime, e um cello sofisticado, muito aveludado. Era a música “Tango a mi padre” do álbum “Ojos Negros” de Dino Saluzzi e Anja Lechner. Ele o bandoneón, ela o cello. A partir daí conheci Timoteo “Dino” Saluzzi, um dos mais destacados bandoneonistas argentinos da atualidade. Como o maior de todos, Piazzolla, Dino começou cedo com o instrumento mas logo passou a experimentar caminhos fora das ‘estradas tradicionais’ do tango. Enveredou pela avant-guarde musique, assinou com a ECM e tocou com vários jazzistas (Gato Barbieri, Charlie Haden, Palle Danielsson, Al Di Meola entre outros). Em 1998 iniciou uma colaboração livre com o Rosamunde Quartet, quarteto alemão de cordas "clássicas" e modernas, que originou concertos e álbuns (Kultrum) e depois uma parceria, um espetacular entendimento, com o cello do quarteto. Era Anja Lechner. Daí veio o duo, depois o álbum “Ojos Negros” e turnês pelo mundo. O disco, vale lembrar, foi considerado uma obra-prima pela prestigiosa “Downbeat” e recebeu título de álbum do ano em 2007. Destaco abaixo para seu proveito um video com o som (e imagens) um trecho da música "Tango a mi Padre", desse album, numa apresentação ao vivo de Dino e Anja em Zurich em 23/Out/2007.


terça-feira, setembro 14, 2010

Mahler e Scorcese





















Recomendo, a quem ainda não assistiu, procurar ver o último filme do Martin Scorcese: “Ilha do Medo”, Shutter Island. É um ótimo thriller psicológico de alta tensão (e combustão) que poderá causar algum incômodo, como me causou, além de apresentar boas atuações de DiCaprio, Mark Ruffalo, Ben Kingsley e até uma soturna aparição de Max von Sidow. Mas não expandirei aqui meus comentários sobre o filme que, como disse, vale a pena. Quero falar sim da música. A Música. A seleção que compõe a trilha sonora é um caleidoscópio de obras clássicas de autores “contemporâneos”: Ligeti, Penderecki, Cage, Richter, entre outros. A seleção é um ótimo trabalho do músico/produtor Robbie Robertson, parceiro de longa estrada de Scorcese. Funciona extremamente bem. Nessa trilha o meu destaque vai para um quarteto para piano e cordas que vai crescendo desde  o fundo de uma cena para se tornar tão importante quanto os próprios personagens envolvidos naquele momento. Beleza, sutileza e melancolia estão lá e o nome do compositor, para que não paire dúvida, é pronunciado em cena por DiCaprio: Mahler. É o seu belo "Quarteto para Piano e Cordas em Lá menor", composto em 1876 quando Mahler ainda não tinha completado 20 anos de idade. Abaixo os links para o quarteto:

Parte 1: Quarteto para Piano e Cordas em Lá menor de Mahler (com o Prazak Quartet):
Parte 2: idem

O segundo destaque, também desta trilha, é a brilhante combinação (mix) feita com o vocal da canção “This bitter earth”, de Dinah Washington, e o arranjo de cordas da peça “On the nature of daylight” de Max Richter. Ficou belíssimo. Na verdade ficou até melhor do que as duas versões originais de ambas (a da Dinah e a da peça/arranjo de cordas de Max Richter). Abaixo segue o video para que possam avaliar o 'belo' no que eu digo. Espero que apreciem!

"This bitter earth/On the nature of daylight" com Dinah Washington / Max Richter: